Imprensa "É preciso a oposição dizer estamos aqui e apoiar medidas mais duras na região de Lisboa"

Notícias | 04-07-2020 in Diário de Notícias

A eurodeputada do PSD assume agora a liderança do Instituto Francisco Sá Carneiro, virado para a inovação. Diz que Portugal tem agora uma grande oportunidade de recuperar o tecido empresarial com o financiamento da UE, desde que o aplique bem. O aumento de casos de covid na Grande Lisboa está a prejudicar o país, admite.

Paula Sá
É primeira mulher a presidir ao Instituto Sá Carneiro. Tem um significado especial?

Penso que a dra. Leonor Beleza presidiu, mas ainda não se chamava Instituto Francisco Sá Carneiro, porque houve um organismo que depois deu origem ao instituto. Mas como Instituto Sá Carneiro penso que sim, sou a primeira.

Como encara este desafio que lhe foi lançado por Rui Rio?

Fiquei muito orgulhosa porque, para já, têm sido sempre grandes figuras da social-democracia a presidir a este instituto. É uma grande responsabilidade porque a missão é ambiciosa, não só de formação dos quadros políticos novo e de ser uma espécie de think tank político. É uma instituição com independência em relação ao PSD, claramente na área da social-democracia, mas independente do partido, o que lhe dá uma responsabilidade acrescida. Quando se está sob a tutela de uma instituição é mais fácil.

Que prioridades estabeleceu para o seu mandato?

Há muito a fazer. Há toda a formação, em que o instituto já tem uma história e uma tradição muito grande na universidade, com uma marca de qualidade, que queremos estender na formação de políticos locais, autarquias, juntas de freguesia, trazer as melhores experiências e debater os problemas que os políticos neste momento têm de enfrentar e que são complexos. Temos também o papel da mulher na política, que já começou na anterior direção com a academia na área da política no feminino. Em geral, tornar o Instituto numa academia de formação política. A segunda ambição, é a reflexão política, sobretudo dos temas emergentes e de solução tão complexa como as questões das pandemias, das alterações climáticas, toda a parte do urbanismo e planeamento do território. Queremos muito ter uma visão multidisciplinar e horizontal destes problemas, combinar pessoas de várias áreas, sempre em grande colaboração com o PSD em e com o Conselho Estratégico Nacional - que tem os seus 15 grupos de trabalho mais verticais - e onde coordeno na área do Ensino Superior, Ciência, Inovação, Tecnologia e Cultura - para debater em conjunto questões mais horizontais e mais multidisciplinares. Mas também em conjunto com outras instituições semelhantes, com a academia, com as fundações e outros think tank nacionais e internacionais. A a terceira missão é valorizar e divulgar o pensamento e a obra de Francisco Sá Carneiro.

No ano que se assinalam 40 anos da morte de Sá Carneiro que iniciativas o instituto vai desenvolver?

Até dezembro vamos organizar uma série de iniciativas para divulgar o seu pensamento porque é importante não só para o PSD mas para o país. Francisco Sá Carneiro é um património que é de todos os portugueses porque é um dos pais da nossa democracia. Tem uma visão muito atual e de futuro e que gostaríamos de divulgar cada vez mais e debater. Depois temos duas ações concretas na homenagem a Sá Carneiro. Vamos organizar os seminários Sá Carneiro, que são online, mas que ficam gravados e disponíveis para todos os que quiserem, com personalidades conhecidas, nacionais e internacionais, sobre temas de interesse nacional, inspirados nas ted talks, em que alguém com algum prestígio numa determinada área dá a sua visão sobre aquela área. Gostávamos também de ter uma parceria com uma fundação ou instituição empresarial e criar um prémio com o nome de Francisco Sá Carneiro para investigadores ou pensadores na área da ciência política. Queríamos muito também ter um programa de estagiários, escolhendo entre os melhores alunos da universidade de verão ou nas universidades, tendo sempre um estagiário, que de três em três meses ou de seis em seis mudávamos, para nos ajudar neste pensamento e no desenvolvimento destas ações. E em colaboração com muitas instituições em Portugal que são muito dinâmicas na área da inovação gostávamos de ter um bolsa de empreendedorismo tecnológico. Queria muito que o instituto fosse além da política, para as áreas tecnológicas, do empreendedorismo, da inovação, do digital. Um das ideias que tenho é tentar uma grande internacionalização para trabalhar em conjunto com instituições europeias semelhantes, tirando até partido de estar no Parlamento Europeu e de conhecer bem estes think tanks europeus, e também dos Estados Unidos, onde há think tanks muito prestigiados e universidades muito prestigiadas na área da ciência política e mesmo toda a área da inovação. A comunidade académica e pensadora dos EUA é fortíssima e com ideias sempre muito atuais. O facto de estar no PE na delegação com os Estados Unidos também facilita esse contacto. E depois os países de língua oficial portuguesa que têm várias instituições também da nossa área política, por exemplo no Brasil e Cabo Verde, em que podemos ter um cooperação, na área da formação conjunta. No plano local, algo que também gostava era ter um instituto mais descentralizado, tanto no continente como nas regiões autónomas, para que as pessoas da nossa área da social-democracia sentissem mais o instituto e não ser um grupo muito restrito de Lisboa.

Descentralizar num momento em que há muitas restrições...

Claro que está tudo muito condicionado pelas questões do covid, mas eu tenho o princípio que quando não se consegue fazer tudo presencialmente faz-se remotamente, mas o importante é fazer porque, como tudo na vida, o que não se ocupa é ocupado pelos outros. Outro condicionalismo é também o financiamento, temos de ter um plano parcerias com outras instituições, até europeias, de pensar em crowdfunding, o que tem sido bem-sucedido noutros países, até presidentes americanos foram eleitos com base em crowdfunding. Estamos numa fase difícil, mas uma pequenina contribuição de muitos pode levar a mais ações.

Chegou a conhecer Sá Carneiro?

Não, cheguei a vê-lo em comícios e reuniões, mas nunca tive uma conversa privada com ele. Era estudante na altura e vi-o várias vezes, mas à distância. Conheço o seu o pensamento e admiro a sua postura. Há muita coisa que gosto particularmente, a sua coragem. Gosto de políticos com coragem, que dizem aquilo que pensam, que cortem a direito, sem a preocupação do politicamente correto. É muito importante ter na política políticos assim.

É com essa frontalidade que se identifica com Rui Rio?

Rui Rio faz lembrar... sim. Se olharmos para trás no histórico os políticos que ficaram na história são aqueles que quando convencidos do que estavam a fazer era o necessário faziam mesmo que não fosse o consenso geral e defendiam as suas causas. A nível internacional faz-nos falta até para fazer face a situações tão complicadas como a que temos no momento.

Como eurodeputada, antiga ministra da Ciência e conselheira da Comissão Europeia. a União Europeia tem dado a prioridade cerca na investigação, nomeadamente no combate à pandemia?

Neste momento está-se no bom caminho mas demoraram a perceber que o caminho certo era uma aposta na investigação para a vacina e para testes e terapias. Sem ter a vacina e ou uma terapia eficiente não conseguimos voltar a uma vida normal e a uma economia saudável, porque vamos ter surtos. De início na Europa começaram com muito pouca ambição no financiamento à vacina e fiz um esforço enorme, desde o fim de fevereiro que se começou a falar do que se passava na China e do primeiro caso em Itália, em plenário e em cartas à Comissão nesse sentido. Tinha tido a experiência no gabinete do comissário Carlos Moedas quando foi a questão do Ébola, em que reagimos imediatamente com financiamento e com a chamada dos Estados membros, dos países vizinhos e aliados, das fundações para uma grande ação global. É preciso uma grande ação global para todos ajudarem no financiamento porque precisamos pelo menos dos 10 mil milhões de euros ou acima disso para desenvolver vacinas. Para sermos rápidos temos que apostar em várias vacinas e terapias ao mesmo tempo, fazer muitos ensaios clínicos. Mas vale a pena porque mesmo assim é uma percentagem não muito grande do que estão a disponibilizar para tudo o resto e é aquilo que na verdade resolver o problema. A Comissão Europeia começou aos poucos a financiar, o primeiro financiamento no final de janeiro foi de 10 milhões de euros, o que não é nada, e a ação global só foi anunciado no dia 4 de maio e há uma parceria global com os Estados-membros todos, com os países vizinhos, com o Canadá, com a fundação Gates, com o Reino Unido. A própria Comissão reuniu um financiamento considerável para a vacina e, neste momento, estão a fazer tudo como deve ser feito. Foi pena termos perdido ali três meses e que se calhar podíamos ter a vacina mais cedo. A presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, tem-se empenhado pessoalmente nesta questão também como médica que é percebe bem a importância desta questão. Nos Estados Unidos foram mais rápidos a recolher o financiamento e a apostar na vacina.

Mas a Europa tem falta de orçamento para a Saúde?

Não é falta de orçamento, mas o que está destinado à investigação nesta área é muito fragmentado dentro dos próprios programas da Comissão. Temos uma parceria público-privada para os medicamentos inovadores, outra para a sida/malária/tuberculose, temos os programas de cooperação mais gerais e os Estados-membros com outros orçamentos. Ter que juntar à mesma mesa tantas pessoas, tantos financiamentos é muito mais complicado e, portanto numa situação de emergência e urgência demora. Temos de estar mais preparados, embora os Estados-membros não irem abdicar de gerir as políticas de saúde, embora a investigação seja partilhada. Espero que este novo programa que a presidente anunciou do Health for Europe seja um princípio de isso, que haja mais investimento mas essencialmente mais cooperação na investigação, na investigação clínica, e na questão dos dados. Neste ponto, cada um dos Estados-membros armazena os dados da sua forma, dentro de cada Estado há dificuldade de instituição para instituição de aceder a esses dados - no caso de Portugal tivemos o exemplo na libertação dos dados para os investigadores, porque não há organização e standard comum de como são armazenados os dados. Precisamos de ter uma política para os dados na Saúde, com standards comuns, como se armazena, como se tem acesso, de modo a que os investigadores e os clínicos possam ter acesso de uma forma simples e rápida para poder desenvolver as soluções que tanto precisamos. É a partir desses dados que se desenvolvem as vacinas e as terapias.

Esta pandemia, com as consequências a nível da saúde, mas também social e económicas, criou essa consciência da necessidade de uma maior cooperação?

Sim, acho que sim. Temos de aprender com esta lição, temos de estar preparados para questões como esta, com muito maior cooperação, com maior interligação entre os vários atores e o que isto mostra é que os países que mais investiram nos seus sistemas de Ensino Superior, de ciência e inovação são os que estão melhor preparados para vencer esta crise. Na EU as nossas prioridades são a transição verde, a transição digital e uma nova estratégia industrial, com uma maior autonomia e uma maior resiliência. Tenho lutado que esta autonomia não se traduza em protecionismo, mas num maior investimento nas capacidades na investigação, na inovação no ensino superior e no treino ao longo da vida dos atores que agem neste campo. Quem tem capacidade de produzir mais rapidamente localmente são os que estão preparados para isso. E não é por acaso que no continente europeu estamos a ver uma grande liderança na preparação da vacina da Universidade de Oxford, do Imperial College, de universidades que têm ao longo dos anos investimentos muito importantes e dando grande prioridade à sua investigação e, portanto, de um momento para o outro lideram nesta pandemia. Portugal vai ter uma grande oportunidade com o financiamento que vai receber, mas tem de a aproveitar bem com projetos e com ideias para futuro. Até porque é financiamento que vai ser pago depois, já que parte resulta de dívida, uma é parte do orçamento europeu, mas a parte do plano de recuperação é endividamento protegido pela Comissão que vai ser pago pelas gerações futuras e é essencial que Portugal que tenha um programa de projetos que levem a maior competitividade para melhorar a economia e o bem-estar e dar mais oportunidades às gerações futuras.

Com esta subida de casos de covid na Área Metropolitana de Lisboa, Portugal passou de uma imagem muito positiva no controlo da pandemia para muito negativa?

Evidente que está. Teve uma boa imagem de início e merecida, aliás, o nosso governo teve uma muito boa atitude em março porque contra o parecer do grupo de saúde pública que era contra encerrar as escolas decidiu fazê-lo. O primeiro-ministro decidiu não seguir esse parecer e o PSD teve um papel muito importante porque assumidamente foi contra o parecer e a favor de encerrar as escolas. Do que falo com investigadores nacionais e internacionais esta foi a posição acertada, todos eles, tirando os suecos, eram a favor de encerrar as escolas porque fazem mover a sociedade. Atrás dos alunos vêm os pais e os avós e há uma grande percentagem da economia que fica em casa. Isso foi crucial e o governo esteve muito bem. Neste momento há uma monitorização pelos centros europeus do que se está a passar, há uma grande transparência como deve ser, sabem-se os valores e os mapas e principalmente a zona de Lisboa está numa situação muito má, a par de Estocolmo. Todo o resto da Europa está numa situação melhor. O desconfinamento talvez não tenha sido bem preparado, não tiveram a noção que o perigo ainda estava muito, muito presente e tinha que ser um desconfinamento muito mais controlado e com muito mais medidas nos transportes e nos locais de trabalho. Há estudos que dizem que não é nos transportes, mas olhamos para as imagens que passam na televisão e é bastante preocupantes. Também haverá locais de trabalho que não estão a seguir as normas de segurança e, portanto houve muito menos cuidado no desconfinamento do que no confinamento, o que se traduziu imediatamente num aumento de casos. E imediatamente se espalha por todo o mundo e prejudica porque não há uma dicotomia entre a saúde e a economia. A economia só estará bem quando a saúde estiver bem, os turistas virão se se sentirem seguros. É muito importante o que a Madeira e os Açores e a Grécia estão a fazer de ter testes para viajar de avião. Porque aí as pessoas vêm com muito mais segurança. Nesse momento, em que todos os países estão a financiar tanto o setor da aviação porque não exigir que haja medidas de controlo para que os passageiros se sintam seguros. Os Açores e a Madeira fizeram um esforço enorme e estão muito seguros e governo devia bater-se pelos dados serem por regiões. O Algarve e o Alentejo também têm uma situação completamente diferente da de Lisboa e os dados internacionais deviam ter isso em consideração. Temos os aeroportos de Faro, da Madeira e dos Açores, em que os turistas e os viajantes podem usar em segurança.

É altura do PSD endurecer o discurso, como fez o vice-presidente do partido David Justino que defendeu a demissão da ministra da Saúde?

Para bem de todos e até do próprio governo é preciso abanar um pouco o sistema e eu gostei de ouvir o Dr. David Justino, porque na situação de Lisboa é preciso agir. É preciso a oposição dizer estamos aqui e apoiar medidas mas duras na região de Lisboa.

Incluindo pedir a cabeça da ministra da Saúde?

Isso não sei. Esta questão do confinamento não é só as autoridades de Saúde, envolve os transportes, a organização do trabalho, envolve todo o Governo e os responsáveis locais, os presidentes da câmara, o presidente da região de Lisboa. Que têm de ser tomadas medidas para a região isso é incontornável porque não estamos a conseguir descer, estamos num patamar há várias semanas. Ainda não se perceberam bem as razões, mas é preciso perceber e atuar nelas rapidamente.

Como eurodeputada também está ligada às questões da indústria, como vai ser possível recuperar tudo o que vai ser perdido durante esta pandemia ao nível do tecido empresarial e industrial?

A política da Europa, nesta primeira fase, tem sido introduzir rapidamente financiamento nas empresas para que elas tenham possibilidade de continuar a operar e não terem de fechar, com sistemas de lay-off, com sistemas de formação, apoiados em parte pelo Fundo Social Europeu. E, numa segunda fase que devia ser já agora no desconfinamento que as empresas começassem a produzir algumas transformações, as que necessitem e são a maior parte delas, no sentido de se adaptarem a esta vaga da digitalização e se modernizarem e a terem um menor impacto no ambiente, com mais inovação e maior tecnologia em todos os seus processos. Para isso vão ter financiamento do plano de recuperação europeia. Na política industrial já foram identificados 14 ecossistemas, que cobrem praticamente todos os nossos setores. O último que conseguimos, com muita pressão do Parlamento Europeu, foi o ecossistema das indústrias culturais e criativas, que vai ajudar um setor que tem tido muitas dificuldades e que tradicionalmente não era visto dentro da política industrial. De início será financiamento a fundo perdido e depois por empréstimos para as empresas apresentarem projetos de modernização. Agora os Estados-membros têm de apresentar um plano na Comissão Europeia em linhas gerais e depois mais detalhado sobre o que estão a pensar fazer para receberem o plano de recuperação económica. Vamos ter um financiamento muito grande, da recuperação económica são cerca de 26.3 mil milhões de euros, isto a somar ao que costumamos receber do orçamento europeu que ainda está em discussão mas que ronda sempre os 20 mil milhões de euros. Vamos ter cerca de 46 mil milhões de euros, que é um financiamento enorme. Se for bem aplicado pode fazer toda a diferença no nosso tecido empresarial. Agora tem é de ser bem aplicado, não poder ser como já tivemos alguns exemplos no passado em investimento que trouxeram mais despesas do que riqueza para o país, algumas autoestradas a duplicar e alguns estádios. Temos de evitar isso. Confio bastante no conselheiro que o governo escolheu, um colega meu do Instituto Superior Técnico, o professor António Costa Silva, e penso que ele irá apresentar ao governo ideias interessantes. Mas o governo tem a última palavra, pois um conselheiro aconselha só. Mas têm todas as condições para executarem programas e projetos para reativarem e modernizar todo o nosso tecido empresarial.

Com esta pandemia, a Europa no seu conjunto percebeu que é preciso mudar o paradigma económico e reindustrializar e deixar de produzir tudo fora, nomeadamente na China?

Esta pandemia mostrou isso mesmo. Há irracionalidades que não fazem sentido nenhum do ponto de vista económico. Cadeias de valor que são de coisas simples que são importadas da China, do Bangladesh, que se sabe que se produz ali ao lado. Não faz sentido nenhum. Isto tem de ser repensado, não na lógica de protecionismo, mas numa lógica de racionalidade económica e de impactos no ambiente. Vou dar um exemplo, encomendei online alguns materiais de escritório para trabalhar, uns postite, umas capas de plástico e veio por correio especial umas coisas da Alemanha, outras a Espanha, uma esferográficas da França, mas existe uma papelaria ao lado e eu que estava confinada não fui comprar. Mas o impacto que tem no ambiente este sistema tem de ser repensado, mas também toda a arte da produção industrial em que sempre que fizer sentido fazer local é fazê-lo, mas continuar a ser abertos ao mundo. Como Europa continuamos a ser um grande bloco exportador e não nos devemos fechar, mas temos de ter mais alguma racionalidade em torno destes processos. Estávamos a viver de uma forma muito acelerada, em que parávamos pouco para pensar nestes processos e na sua racionalidade e houve um alerta da natureza para nos fazer pensar e para a excessiva globalização.

A globalização é má?

Tem pontos positivos muito importantes, como o acesso à informação, à possibilidade de conhecer o mundo, ser mais difícil ter regimes muito totalitários, que estarão sempre a prazo porque a população terá acesso a mais informação e que mais tarde ou mais cedo irá revoltar. Mas trouxe excessos que têm de ser corrigidos.

Tem boas expectativas sobre esta presidência alemã, que será seguida da portuguesa?

Sim, tenho. A Alemanha tem sempre presidências muito eficientes e vai exercê-la num momento fundamental em que têm de ser fechados todos os orçamentos que estão em cima da mesa, orçamento normal europeu para os próximos sete anos, um plano de recuperação económica, depois temos de fechar cada um dos dossiers e programas que têm de ser fechados. A Alemanha como o maior contribuinte para o orçamento europeu tem sempre um papel muito forte que vai facilitar neste processo. Tenho um grande apreço pela chanceler Merkel, que é uma pessoa muito consensual com muita preocupação com a economia, mas também com uma grande preocupação social. Por tudo isto é a presidência certa no semestre certo.

Então a presidência portuguesa será mais fácil após a alemã?

Vai ter o arranque e o princípio da execução de tudo isto e terá muita coisa a fazer, bem e depressa. Às vezes na aplicação e nos detalhes é que vê. Vai ser também uma presidência exigente.

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