Imprensa A afirmação das portuguesas na ciência e na sociedade

Artigos de Opinião | 15-02-2023 in Diário de Notícias

No dia 11 de fevereiro, a propósito da celebração do Dia Internacional das Mulheres e Raparigas na Ciência, a Comissão Europeia divulgou estatísticas atualizadas sobre a participação do sexo feminino nas atividades ligadas à investigação científica e às engenharias. Estes dados, sendo ainda globalmente fracos a nível da União Europeia (as mulheres representam 41% dos trabalhadores destes setores), traçam um quadro bastante mais favorável em relação a Portugal.

Não apenas somos o segundo Estado-membro com maior proporção de mulheres cientistas e engenheiras (51%), a par da Bulgária e da Letónia e apenas atrás da Lituânia, como registamos, nos Açores, a região europeia onde o peso das mulheres é maior (62%), sendo que também a Madeira regista valores muito assinaláveis (57%) e o próprio território de Portugal Continental revela uma média positiva (51%).

São indicadores que comprovam um trajeto de afirmação das mulheres portuguesas na atividade científica, que tem as suas raízes no crescimento exponencial, ao ponto de já ser maioritário, da frequência e conclusão do ensino superior pelo sexo feminino, incluindo ao nível dos doutoramentos.

Este fenómeno tem feito do nosso país um caso de estudo a nível europeu. No ano passado, uma conhecida editora científica, a Elsevier, dedicou um relatório a Portugal, no qual procurava identificar as razões para esta evolução. No mesmo relatório foram, no entanto, também destacados alguns aspetos negativos, como o menor impacto das publicações científicas feitas pelas investigadoras.

Como parte desse trabalho, foram entrevistadas personalidades nacionais ligadas à academia e à política, incluindo eu própria. E o que disse na altura foi que, embora tenhamos motivos de satisfação, ainda não podemos falar em sucesso, porque a capacidade portuguesa de atrair mulheres para estas carreiras não tem correspondência nas condições que depois lhes são dadas para crescerem profissionalmente.

Nesse trabalho foi também entrevistada a investigadora da universidade de Lisboa, Anália Torres, que coordenou um estudo divulgado há dias cujas conclusões apontam precisamente para a mesma preocupação, ainda que com maior enfoque na questão das carreiras académicas.

O documento constata que, embora as mulheres portuguesas estejam cada vez mais próximas de atingir a paridade ao nível do pessoal docente das instituições do ensino superior, o acesso por estas aos lugares mais importantes tem-se feito a um ritmo bastante mais modesto, representando apenas 24% dos catedráticos e 19% dos líderes das instituições.

Este fenómeno não se circunscreve às carreiras docentes e de investigação, sendo de alguma forma transversal a toda a sociedade - não apenas a portuguesa, mas europeia, desde a política ao mundo empresarial. O salto de qualificações alcançado pelas mulheres, bem como a sua afirmação no mercado laboral, ainda não tem correspondência no seu peso nos centros de decisão e no exercício das funções mais valorizadas e melhor remuneradas.

 

Clique aqui para ler o artigo completo no site do Diário de Notícias.

Atenção, o seu browser está desactualizado.
Para ter uma boa experiência de navegação recomendamos que utilize uma versão actualizada do Chrome, Firefox, Safari, Opera ou Internet Explorer.