Imprensa Alentejo pode liderar sociedade de baixo carbono

Artigos de Opinião | 07-05-2010 in Diário do Alentejo

"Alentejo, Alentejo, Vastidão de Portugal, Futuro, continental", escreveu o poeta Miguel Torga. A ideia de um Alentejo sem futuro é algo que pertence definitivamente ao passado. O Alentejo é um espaço que apresenta um robusto potencial de crescimento e que pode tornar-se um factor determinante de desenvolvimento do país. Tudo depende da vontade e do empenho dos responsáveis autárquicos, da qualidade dos projectos desenvolvidos e do dinamismo dos agentes económicos da região.

Tive a honra e o grato prazer de contribuir para esta visão optimista do Alentejo durante a minha visita à 27ª edição da Ovibeja, sobretudo enquanto presidente da mesa do debate intitulado "O papel da Agricultura nas Energias Alternativas - Projecto ALTERCEXA - no âmbito do POCTEP", organizado no dia 1 de Maio pela Associação de Criadores de Ovinos do SUL (ACOS) e pelo Instituto Politécnico de Beja.

Enquanto Deputada pelo Grupo Europeu do Partido Social-democrata sou responsável pela ligação de proximidade do Parlamento Europeu aos distritos de Beja, Évora, Faro e Portalegre. Comprometi-me a reforçar esta ligação durante o meu mandato europeu. É neste ensejo que se enquadram as várias visitas que tenho realizado ao Alentejo e ao Algarve, as quais têm-me permitido aprofundar o conhecimento das iniciativas, dos projectos e das preocupações, dos agentes económicos das duas regiões. Estas visitas também me têm dado a oportunidade de explicar a minha actividade no Parlamento Europeu e de esclarecer as pessoas e as empresas sobre a melhor forma de se relacionarem com as instituições europeias.

Como defendi durante o debate, o advento da economia do baixo carbono constitui uma oportunidade que o Alentejo não pode enjeitar. Temos de ter bem presentes dois factos. Por um lado, o objectivo de aumentar a quota da produção de energia renovável para 31% da produção de energia total, até 2020, é obrigatório para Portugal. Por outro lado, os países que atingirem a sua quota de produção de energias renováveis podem vender os excessos aos outros países europeus. O Alentejo, em virtude das suas condições naturais e aproveitando os recursos de que já dispõe, pode assumir uma posição de liderança neste processo por duas vias: pela via da produção de biocombustíveis e pela via da produção de energia solar.

A Europa impõe condições à produção de energias renováveis. No caso do sector dos transportes, 10% dos combustíveis utilizados devem ser substituídos por combustíveis de origem renovável, entre os quais estão os biocombustíveis. Mas só serão considerados para a meta dos 10%, os biocombustiveis que cumpram os critérios de sustentabilidade, isto é, cuja cultura não prejudique a biodiversidade e não compita com a produção de alimentos.

Ora o Alentejo pode satisfazer estes critérios sem grande dificuldade. O Alentejo tem território agrícola, tem água e tem condições climatéricas, que permitem o desenvolvimento de uma agricultura inovadora e potenciadora, simultaneamente, da segurança energética e da segurança alimentar do país.

Quanto à energia solar o Alentejo tem um enorme potencial renovável, o maior potencial de energia solar da Europa. Além disso dispõe de muito espaço, condição essencial para as grandes centrais solares.

A existência de centros de conhecimento é fundamental para conseguir baixar o custo das tecnologias utilizadas na produção de energias renováveis e para formar cientistas, engenheiros e técnicos necessários para estes projectos. Mas também neste domínio o Alentejo está bem apetrechado, basta pensar no Instituto Politécnico de Beja, no Instituto Politécnico de Portalegre e na Universidade de Évora, os quais, cada um por si ou, de preferência, em cluster e em associação com outras instituições portuguesas ou europeias, desempenham um papel fundamental neste processo.

Enquanto Deputada ao Parlamento Europeu, e em particular enquanto membro da "Comissão de Indústria, Investigação e Energia no Parlamento Europeu", empenhar-me-ei em defender os interesses de todos os Portugueses nestas matérias e, em particular, em ajudar a criar as condições para que a região do Alentejo, onde nasci, se torne um exemplo a seguir, um exemplo de uma sociedade de baixo carbono que alcançou a independência energética pela via do aposta no desenvolvimento regional de fontes de energia renováveis.

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