Press O futuro nos passos de Sá Carneiro

Opinion Articles | 01-08-2020 in Expresso

“Medimos os desafios a enfrentar e sentimos a impaciência acumulada nos anos passados que sobre nós pode desabar. Mas não tememos os riscos, nem receamos a esperança. A força forja-se na luta, a firmeza no combate pelos princípios, a coragem no enfrentar da crise”.

Esta reflexão poderia bem aplicar-se ao Portugal dos nossos dias, a braços com uma crise económica e de saúde pública apenas alguns anos depois de ter ultrapassado uma difícil intervenção externa. Na realidade, o seu autor foi Francisco Sá Carneiro, por ocasião da tomada de posse do VI Governo Constitucional, em 3 de janeiro de 1980.

A forma como as suas palavras ecoam nos nossos dias não é mera coincidência. É também reflexo do pensamento intemporal de um homem e de um político que agiu sempre com os olhos postos no futuro. No futuro de Portugal. E que nunca perdeu a coragem, a firmeza e os princípios.

Em dezembro, assinalam-se quarenta anos desde o desaparecimento de Sá Carneiro. E nessa altura terei a grande honra, mas também a enorme responsabilidade, de estar a presidir ao Instituto que herdou o seu nome, na sequência da eleição realizada neste mês de julho. Uma das prioridades desta nova direção será evidentemente prestar a devida homenagem a um político singular.

Não o faremos através de meras evocações nostálgicas, nem de reflexões sobre o que aconteceu e o que poderia ter acontecido. Até porque seguramente tê-lo-ia detestado. Queremos celebrar o legado das suas ideias e ajudar a projetá-las junto de todas as gerações, as que o conheceram e as que já nasceram num país que ele ajudou a tornar melhor.

Iremos fazê-lo através de um conjunto de iniciativas públicas, como exposições, debates publicações, mas também criando o Prémio Francisco Sá Carneiro, para distinguir jovens investigadores na área da Ciência Politica.

A melhor homenagem que lhe poderemos prestar, contudo, será não apenas garantir que o Instituto Sá Carneiro continua a ser uma referência na formação de quadros políticos para o país, jovens e menos jovens, mas também, e cada vez mais, um produtor de ideias e de soluções para Portugal.

Queremos ser uma instituição cada vez mais aberta à sociedade civil, que cresça com esta e a faça crescer. Queremos ser parceiros das empresas, por exemplo numa bolsa de empreendedorismo destinada a distinguir start-ups promissoras. Queremos internacionalizar o Instituto, aproveitando as afinidades existentes com a grande família da social-democracia, na Europa, nos países de língua portuguesa, nos Estados Unidos. Mas queremos também ser uma instituição cada vez mais presente ao nível local e regional.

Temos muitas ambições, e permitimo-nos tê-las graças a todos os que, com o seu tempo e empenho, deram ao Instituto a estabilidade que lhe faltou no passado. Assumimos “a esperança” de crescer, porque Sá Carneiro nunca se permitiu perdê-la. Porque ele não foi uma chama que se apagou e sim um farol que nos continua a apontar o caminho.

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