Press Competitividade. Os bons exemplos do Norte e da Madeira

Opinion Articles | 03-04-2023 in Dinheiro Vivo

O Norte de Portugal e o arquipélago da Madeira estão de parabéns! De acordo com o EU Regional Competitiveness Index 2022, da Comissão Europeia, divulgado recentemente, estas regiões estão no top 3 das que mais evoluíram na União Europeia desde 2019. O Norte ganhou 14 pontos neste indicador, ficando apenas atrás da região da capital da Lituânia. A Madeira surge logo a seguir, com mais 12 pontos.

Este index, que tem vindo a ser reformulado e acrescentado ao longo dos anos, é composto por três categorias de indicadores: a primeira, intitulada de "básica", assenta em aspetos como as instituições existentes, a estabilidade macroeconómica, as infraestruturas, a educação básica e a saúde; a segunda, relativa a "eficiência", incide sobre os pilares do ensino superior, da formação ao longo da vida, da eficiência do mercado de trabalho e da dimensão do mercado; finalmente, a categoria relativa a "inovação" considera a capacidade demonstrada a esse nível, mas também a prontidão tecnológica e a sofisticação empresarial.

O desempenho da região Norte e da Madeira, naturalmente, não as coloca ainda ao nível das melhores regiões europeias, quase todas localizadas na Áustria, Benelux (Bélgica, Holanda e Luxemburgo), Alemanha e Estados-membros do Norte da Europa. De resto, na comparação a nível nacional, o Norte continua abaixo da região de Lisboa (a única do país que ultrapassa os 110 pontos neste índice), enquanto a Madeira se posiciona em linha com a média geral do país.

No entanto, uma evolução superior a dez pontos representa um salto qualitativo muito grande face a 2019, e um sinal de que, pelo menos nestas regiões do País, a recuperação pós-pandemia de Covid-19 está a acontecer a um ritmo acelerado.

O Estudo demonstra que essa recuperação aconteceu, a ritmos distintos, na maior parte dos países do Sul da Europa. Mas o mesmo não pode dizer-se do Leste europeu, onde diversas regiões da Chéquia, Roménia, Eslováquia se atrasaram em relação às médias da UE nestes últimos três anos.

Vários desses países, recorde-se, têm sido notícia nos últimos tempos por razões opostas: o seu crescimento económico, que os levou a aproximarem-se ou mesmo a ultrapassarem Portugal. Por isso, compreendermos melhor os motivos para esta recuperação, sobretudo da Região Norte, poderá dar-nos pistas importantes sobre os passos que temos de seguir para contrariarmos a fatalidade da queda do país para a cauda da Europa.

Eu arriscaria dizer que uma boa parte da explicação, no caso do Norte, passa pela forte aposta na investigação científica e inovação que tem vindo a ser feita, numa boa articulação entre instituições do ensino superior, centros de investigação e empresas.

Na Madeira, o Governo Regional tem como principais prioridades o digital, a ciência e a inovação, bem como a internacionalização destas áreas e a criação de empresas de alto valor acrescentado. Estão a fazer uma grande aposta em tudo que são tecnologias digitais emergentes nas áreas da energia, mar e bioeconomia.

Esta política já está a dar frutos visíveis, mas, como têm demonstrado os dados das suas participações nos programas-quadro de Ciência e Inovação da União Europeia, existe ainda uma grande margem de melhoria ao nível das atividades de investigação científica e da transferência de conhecimento para as empresas e para a sociedade

Uma coisa é certa: ser considerado competitivo, a nível europeu, não é apenas uma "medalha" que se pode exibir. O mesmo estudo demonstra que as regiões mais competitivas têm um produto interno bruto per capita mais elevado, oferecem mais e melhores oportunidades de emprego aos recém-licenciados e têm também melhores indicadores ao nível da igualdade dos géneros, nomeadamente ao nível do mercado de trabalho. Vale a pena ser eficiente. Vale a pena ser inovador.

 

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